Mesmo pouco tempo sabendo da aprovação no curso de medicina da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), a estudante quilombola Ana Luiza Costa Lima já tem um objetivo claro para alcançar quando se formar. Assim que for considerada médica, a jovem de 19 anos quer atender a comunidade do Quilombo Cantinho, de onde ela é membro.
“Ainda não tenho uma estratégia. Mas penso sim em ajudar a comunidade, assim como eles me ajudaram. Me apoiaram muito. Tenho que contribuir de alguma forma”, reforçou.
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Ana Luzia não mora no quilombo, situado na zona rural do município de Serra Branca, no Cariri da Paraíba. Mas ela conhece bem a realidade da falta de assistência médica de fácil alcance, por presenciar tios, outros familiares e amigos tendo que ir até a zona urbana para receber atendimento médico. Por isso, o propósito dela se torna ainda mais necessário e pertinente.
Por enquanto, a paraibana comemora a aprovação com todos que contribuíram para que ela realizasse esse sonho.
“Foi muito inesperado. Por causa de alguns contratempos, achei esse não seria o ano da aprovação. Já tava até conformada. Foi uma surpresa muito feliz. Foi um momento feliz com os familiares”, contou ao lembrar dos pais, que são um agricultor e uma atendente de lanchonete.
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No quilombo também não há onde estudar. A fera em medicina concluiu o ensino médio, em 2022, em uma escola da rede pública já na zona urbana da cidade. Na unidade, por iniciativa do sistema estadual de ensino, ela participou de atividades que a prepararam para a redação, prova em que a jovem tirou 900 pontos, e também para todo o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
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Ana Luiza quer levar origem quilombola para o futuro na medicina
Depois de deixar a escola, Ana Luiza passou o ano de 2023 se preparando com foco total no exame. A quantidade de tempo dedicado aos estudos por dia variava, mas em média, eram cinco horas diárias.
Todo o material de estudo da paraibana foi conseguido de forma gratuita.
“Eu sempre pegava dicas no Instagram. Vários perfis ajudam o estudante a fazer estratégias, a estudar do jeito correto. Estudava basicamente com o Youtube. Pegava matéria na internet, livros, apostilas, simulados”, explicou.
Além disso, durante a maratona de estudos, a estudante priorizou as disciplinas de redação e matemática, que eram as que ela sentia mais dificuldade durante a trajetória escolar.
As aulas ainda não começaram, mas Ana Luiza já começou a inspirar outros jovens da cidade.
“É uma cidade pequena. Muitas pessoas querem um curso mais difícil, mas concorrido. E muitas pessoas não acreditam no potencial delas. Espero que (a aprovação) tenha servido pra inspirar outras pessoas”, destacou.
Bem além disso, a estudante faz questão de destacar a origem quilombola dentro de fora da universidade.
“Eu entrei por uma cota (para quilombolas). Então quero levar sempre o nome do quilombo pra o futuro, quero dar sempre importância a isso”, finalizou.
Quer conhecer mais sobre os jovens que entram nas universidades públicas do estado e de todo o país? Acesse a editoria de Educação, do Jornal da Paraíba, e se motive com exemplos inspiradores.