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Médico agredido em UPA relembra episódio: ‘Socos descolaram minha retina, passei meses vendo flashes’

Enfrentar a rotina intensa das unidades de pronto atendimento já exige preparo emocional e físico, mas vivenciar um episódio de agressão acrescenta uma dimensão assustadora à realidade desses profissionais. A lembrança de um ataque físico permanece vívida para quem passou por essa experiência, especialmente quando os danos ultrapassam o impacto imediato e trazem consequências duradouras para a saúde. A tensão de lidar com casos graves e a pressão por decisões rápidas tornam o ambiente ainda mais suscetível a situações de conflito.

No caso em questão, o profissional de saúde foi vítima de uma agressão brutal por parte de um familiar de paciente que enfrentava uma condição gravíssima. O desespero e a dor pela perda podem gerar reações imprevisíveis, mas nada justifica o uso da violência contra quem atua para salvar vidas. O relato do médico mostra como os impactos vão muito além do físico, afetando também o psicológico e a capacidade de retorno pleno às funções.

Danos sérios à visão foram uma das consequências dessa agressão, deixando o profissional com um quadro delicado e exigindo meses de tratamento. A perda momentânea da capacidade visual e a constante sensação de flashes na retina são marcas que permanecem, reforçando a gravidade da violência sofrida. Esse tipo de lesão compromete não apenas a saúde pessoal, mas também a rotina profissional, criando obstáculos significativos para o exercício da medicina.

Apesar da situação crítica e do trauma vivido, as investigações posteriores apontaram a inocência do médico em relação à morte da paciente. O arquivamento do caso pelo Ministério Público foi um alívio frente às acusações infundadas, mas não elimina o sofrimento provocado pela agressão. Esse desfecho reforça a importância de separar o ato violento da responsabilidade profissional e de valorizar o compromisso ético dos profissionais da saúde.

Esse episódio evidencia um problema recorrente em ambientes hospitalares e de atendimento público, onde a tensão e o sofrimento muitas vezes culminam em atitudes agressivas contra quem está ali para ajudar. A falta de segurança e de mecanismos eficazes de proteção coloca em risco a integridade física e emocional de médicos, enfermeiros e demais trabalhadores. É fundamental que haja políticas claras para prevenir e punir essas ocorrências.

Além do impacto imediato da agressão, as sequelas psicológicas são difíceis de mensurar. O medo de novos ataques, o estresse pós-traumático e a sensação de insegurança afetam o desempenho e a qualidade do atendimento oferecido. O profissional que passou por tal experiência pode sentir-se desmotivado e até reconsiderar sua permanência na área, prejudicando o sistema de saúde como um todo.

O episódio também traz à tona a necessidade de maior conscientização da sociedade sobre a importância do respeito ao trabalho médico, mesmo diante de desfechos negativos. O luto e a frustração devem ser compreendidos, mas não podem justificar a violência. Investir em diálogo, apoio psicológico e medidas de segurança é essencial para garantir um ambiente saudável e produtivo nos locais de atendimento.

Esse caso serve como alerta para a urgência de mudanças estruturais que protejam os profissionais da saúde. A valorização desses trabalhadores passa pelo reconhecimento dos riscos que enfrentam diariamente e pela implementação de estratégias que garantam sua segurança. Assim, será possível construir um sistema mais humano, eficiente e justo, onde o cuidado à vida não seja ameaçado pela violência.

Autor : Dmitriy Gromov  

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